A descoberta da gravidez é um momento de turbilhão emocional. Alegria e ansiedade se misturam, mas, para mulheres que sofrem de enxaqueca crônica, existe um medo adicional: “Como vou lidar com as crises sem poder tomar meus remédios habituais?”.
Como neurologista aqui em Jaraguá do Sul, recebo muitas pacientes com essa angústia no consultório. A boa notícia é que, para cerca de 60% a 70% das mulheres, as crises de enxaqueca tendem a diminuir ou até desaparecer durante o segundo e terceiro trimestres, graças à estabilização dos níveis de estrogênio.
Porém, e para aquelas que continuam sentindo dor? Ou pior, para aquelas cuja enxaqueca piora ou surge pela primeira vez na gestação? É aqui que o acompanhamento deixa de ser apenas “desejável” e passa a ser essencial, envolvendo uma parceria fina entre a neurologia e a obstetrícia de alto risco.
O que acontece com a cabeça da gestante?
A enxaqueca não é apenas “uma dor forte”. É uma doença neurológica complexa e genética. Durante a gestação, o corpo da mulher passa por uma tempestade hormonal e hemodinâmica (aumento do volume de sangue).
No primeiro trimestre, o aumento súbito do hormônio HCG e as oscilações hormonais podem ser gatilhos potentes para crises. Além disso, fatores comuns da gravidez, como náuseas, sono irregular e desidratação, funcionam como combustível para a dor de cabeça.
O grande desafio no tratamento da enxaqueca neste período é a segurança medicamentosa. Muitas medicações preventivas que usamos rotineiramente (como alguns anticonvulsivantes e antidepressivos) são contraindicadas na gravidez por risco de má formação fetal. Isso não significa que você deve sentir dor; significa que precisamos ajustar a rota com precisão científica e segurança.
Sinais de Alerta: Quando a dor esconde algo mais grave
Aqui entra um ponto crucial que justifica este artigo. Nem toda dor de cabeça na gravidez é “apenas” enxaqueca. A gestação traz riscos específicos, e a dor de cabeça pode ser um sintoma sentinela — um aviso do corpo de que algo não vai bem com a pressão arterial.
Você deve ficar atenta e buscar ajuda médica imediata se a dor vier acompanhada de:
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Alterações visuais: Visão turva, pontos brilhantes (scotomas) ou perda temporária da visão.
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Inchaço súbito: Especialmente no rosto e nas mãos.
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Dor abdominal: Principalmente na parte superior direita do abdômen.
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Pressão alta: Valores acima de 140/90 mmHg.
Esses podem ser sinais de pré-eclâmpsia, uma condição grave que coloca em risco a vida da mãe e do bebê. Estudos indicam que mulheres com histórico de enxaqueca têm um risco ligeiramente aumentado de desenvolver quadros hipertensivos na gestação.
A Importância da Obstetrícia de Alto Risco
Quando diagnosticamos uma paciente com enxaqueca refratária (que não passa), ou quando identificamos fatores de risco associados (como hipertensão prévia, diabetes gestacional ou histórico de pré-eclâmpsia), o acompanhamento pré-natal padrão pode não ser suficiente.
É necessário um olhar vigilante, capaz de diferenciar uma crise de enxaqueca de uma complicação obstétrica. Por isso, em minha prática clínica em Jaraguá do Sul, prezo muito pela multidisciplinaridade.
Para esses casos complexos, onde a segurança da mãe e do feto exige monitoramento rigoroso, costumo indicar e trabalhar em parceria com a Dra. Livia Del Monaco. Ela é referência em gestação de alto risco e possui a expertise necessária para conduzir casos onde a neurologia e a obstetrícia precisam “falar a mesma língua”.
Ter uma obstetra que entende as nuances das doenças neurológicas e sabe manejar medicações em cenários de risco faz toda a diferença para que a paciente se sinta segura. A Dra. Livia compartilha da mesma filosofia de atendimento humanizado e técnico que aplicamos aqui no consultório, o que facilita muito a comunicação sobre o caso da paciente.
Tratamento Humanizado: Existe vida sem dor na gravidez
Se você está gestante e sofrendo com dores, saiba que não precisa “aguentar firme” sem ajuda. O tratamento evoluiu.
Hoje, utilizamos estratégias modernas e seguras para gestantes, que vão desde bloqueios de nervos periféricos (procedimentos minimamente invasivos feitos no consultório com anestésico local, seguros para o bebê) até o uso criterioso de medicações permitidas em cada trimestre.
Além disso, focamos muito em medidas não farmacológicas:
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Higiene do sono: Dormir bem é o melhor “remédio” preventivo.
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Suplementação guiada: O magnésio, por exemplo, pode ser um grande aliado quando prescrito na dose correta.
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Controle alimentar: Evitar picos de insulina e jejum prolongado.
O Seu Caminho para uma Gestação Tranquila
A gestação deve ser um momento de conexão e preparação, não de sofrimento silencioso. Se você é de Jaraguá do Sul ou região e tem histórico de enxaqueca, o ideal é fazer uma consulta pré-concepcional (antes de engravidar) para ajustarmos suas medicações.
Se já está gestante, o momento de cuidar é agora. Não se automedique. O uso indiscriminado de analgésicos simples pode causar “cefaleia por uso excessivo de medicação” e mascarar quadros mais sérios.
Conte comigo para cuidar da sua saúde neurológica e, quando necessário, confie na indicação de profissionais de excelência como a Dra. Livia Del Monaco para garantir que seu pré-natal seja o mais seguro possível.
Juntas, podemos garantir que sua única preocupação seja escolher o nome do bebê e arrumar o quartinho.
Dra. Erika Tavares Neurologista especialista em Enxaqueca CRM-SC 21468 / RQE 17534




